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domingo, 23 de maio de 2010

Ya’Wara-lbe ( Iauaraíbe) - Társio Pinheiro

Ya’Wara-lbe ( Iauaraíbe)
A Luciano Maia

Vem a noite, serena, mansa e nua,
Com frescor de manhã, de primavera,
Derramar sobre o rio a luz da lua,
Que outra lua maior nas águas gera...
E o Jaguaribe vai sem que conclua
A trama líquida de uma pantera,
Que tão sutil desliza para os mares,
Berço final da fúria dos jaguares!

Franze a face do rio a brisa fria
Sem o amargo do sal. Por sobre as águas
Pousa o espírito eólico. Dir-se-ia
Ser o contrário do hálito das fráguas.
Água e vento improvisam cantoria,
Gemedeira de galhos chora mágoas...
Firmamento e luar... Tudo se inibe
Para escutar a voz do Jaguaribe.

Iracundo, o oceano encerra a sina:
Sinagoga, silêncio de outros rios,
onde o sangue do rio enfim termina
ao som do farfalhar, dos balbucios
dos carnaubais de fala nordestina,
tenores de uma ópera de estios...
de uma saudade eterna e um desengano
que buscam sempre as águas do oceano.

As margens... só as margens permanecem
e dão, no inverno, ao rio a cor purpúrea...
As margens como nós, se compadecem
ao ver das águas a cruel penúria
(as águas nunca sobem: sempre descem),
e lhes perdoam sua enorme fúria...
As margens, como nós, sabem, por certo,
que no fundo de um rio há um deserto!

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