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domingo, 23 de maio de 2010

O Rio Quixeré

O rio Quixeré é um braço do rio Jaguaribe. Nasce no município de Tabuleiro do Norte cujo segmento naquele município é conhecido, há cento e sessenta anos, como Córrego de Areia. Segue de Sul a Norte pelo município de Limoeiro do Norte na área de pé de serra, abrigando as barragens das Pedrinhas e do Cabeça Preta. Na barragem das Pedrinhas está instalada a estação elevatória do projeto de irrigação Jaguaribe – Apodi. Seguindo na direção Norte, passa ribeirinho à cidade de Quixeré, atravessando toda a área de várzea nesse município, encontrando-se novamente com o rio Jaguaribe no município de Russas.
Em se tratando de hidrografia é muito difícil se descrever a topografia de uma região em termos históricos. Pois, sabe-se que pela força das águas e transformações da natureza, o caminho das águas está sempre transformando a topografia e mudando seu curso. Seja por inundações ou outras causas naturais, seja pela ação do homem. O próprio Córrego de Areia é resultado das ações supracitadas. O rio Quixeré é citado em documentos, que são hoje fontes históricas, desde o primeiro século da colonização do Ceará. Até prova em contrário, é uma palavra indígena de significação desconhecida. Existem, no município, várias hipóteses para dar significado a essa palavra ou topônimo. Para alguns, o nome do rio vem de uma aldeia de índios cujo chefe chamava-se Quixeré. Para outros, Quixeré significa rio estreito de águas salobras e barrentas. Pessoalmente, achamos que essa segunda hipótese é uma comparação com a palavra Quixeramobim, cujo rio por correr ao pé da serra, no município que também leva o nome Quixeramobim, era muito estreito e suas águas eram realmente barrentas e salobras.
Dizem os mais antigos que o nosso rio, também era muito estreito e a água tinha uma ferruginosa que eles chamavam de capa rosa e segundo as lavadeiras isso amarelava as roupas e “talhava o sabão�?, ou seja: O sabão não fazia espuma abundante.
Para o professor Batista Aragão, (�?ndios do Ceará e Topônimos Indígenas, Fortaleza 1994 – 2ª edição, página 100), Quixerés seria a própria tribo de índios Tapuias que habitavam as margens do rio e supostamente falariam em dialeto Caingang. Criando mais uma hipótese: Dessa vez que a palavra Quixeré pode significar porco selvagem.
Todas essas hipóteses deixam muito a desejar, não só por estarem todas inseridas no campo das suposições, mas, porque apresentam incoerências palpáveis. Segundo vários historiadores os índios que habitavam essa região ribeirinha, os tapuias, formavam várias tribos, concentrando-se por aqui, os paiacus tidos como bárbaros e aguerridos e por não falarem o tupi cada tribo tinha seu próprio dialeto ou linguagem.
Outra dificuldade que se impõe, mediante o problema citado, é a limitada e passageira participação dos padres jesuítas por essas glebas. Além do que ao invés destes procurarem entender a linguagem dos bárbaros, impunham aos mesmos a compreensão da linguagem dos brancos colonizadores.
Voltando à descrição do rio, podemos afirmar que o percurso que integra as terras quixereense, recebe tantos nomes que não fosse a cidade ter herdado seu primitivo nome, a palavra Quixeré já teria sido esquecida.
A começar pelo local onde hoje se situa a barragem e a ponte Manoel de Castro Filho, que é também extrema entre Quixeré e Limoeiro do Norte. A cheia de 1862 iniciou ali uma bifurcação à margem esquerda, que com o passar dos anos foi tornando-se um estreito córrego e as cheias de 1917 e 1924 se encarregaram de alargar. Daí começaram a chamar esse desvio natural de rio Córrego e rio das Pedras. Esse primeiro novo rio ou afluente reencontra seu antigo leito formando a ilha Quixeré. Mas, aparece mais uma bifurcação novamente à esquerda e chamaram-na de volta do córrego, assim como o seu segmento de vários quilômetros foi chamado de Córrego Novo. O resultado de tantas transformações é que o primeiro leito do rio Quixeré ficou conhecido como rio velho que perenizado pela prefeita Luzimar Bandeira de Oliveira Rebouças em 1989, num percurso de sete quilômetros, vem beneficiando as comunidades de Ilha, Leão, Boqueirão, Alto do Bagre, Poço da Onça, Botica e Córrego Fundo.
O córrego Novo que é hoje o rio principal se conecta com o rio velho através do riacho Sucurujuba. Córrego Novo e rio velho vão seguindo paralelos encontrando-se novamente na localidade de rebolada no município de Russas formando novamente um só rio: Quixeré. Um pouco mais à frente encontra-se com o rio Jaguaribe, no lugar chamado Ilhota.

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