O Rio Jaguaribe é uma artéria aberta
por onde escorre
e se perde
o sangue do Ceará. ( Demócrito Rocha)
Famoso “ rio” meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente. ( Rodrigues Lobo)
Até quando perduras, Jaguaribe,
à insânia e à invídia deste agora
em que teu curso,a insensatez proíbe
e tuas águas exila, tempo afora,
lutarás contra o lixo que te inibe,
ou vencido, um dia, vais embora? Luciano Maia
Martelo para um rio meio morto
Almocrevando sonhos de fartura,
ele vinha, das partes do poente,
para chegar aqui, e de repente,
sobre as várzeas botar a assinatura.
E o Jaguaribe, então, todo mesura,
Ia embora saudando o casario...
Pois se sua memória acaricio...
numa infância de gado e de pomar,
é preciso pedir - e conclamar:
se não há mais jaguar, se salve o rio. Virgílio Maia
Décima para a saudade do rio Jaguaribe
Rio da minha saudade e do sol posto
fluindo em corredeiras caprichosas
remansos e funis de águas e prosas
agora deslizantes no meu rosto;
ampulheta de areia e mais desgosto
sobre o seu leito extinto e ressecado
fantasmas de vaqueiros e de gado
passeiam sobre as margens desoladas
que umas carnaúbas desgarradas
ponteiam soluçando ao mês de agosto.
Napoleão Nunes Maia Filho
Voz Jaguaribe
Dentro de mim ainda dorme um canto
alguma força que guardei da fúria
e no meu ventre se resguarda o cio...
mas vem a morte disfarçada em homem
que me instiga a responder com mágoa:
dentro de mim ainda pulsa um rio. ( Majela Colares)
As margens...só as margens permanecem.
As margens, como nós, se compadecem
ao ver das águas a cruel penúria.
As margens, como nós, sabem por certa
que no fundo do rio há uma floresta. ( Társio Pinheiro )
Meu rio
Meu rio ! Longe vão as tuas águas
Leve-me à dor, leve-me este espinho
Em tuas brumas, leva minhas mágoas
Quando corres, corres com as lágrimas
Plangidas das cordas do meu pinho. ( Irajá Pinheiro)
Jaguaribe, meu rio predileto,
que vi correr sereno, inda eu criança,
mas hoje só fluem na lembrança
imagem de sujeira e de dejeto. (Franco Sissa Pieira)
E perde-se longe o rio...Agora
nem sinal da água que chora.
Os rios são, com certeza
O pranto da natureza. (Olegário Mariano)
Treme o rio, a rolar de vaga em vaga...
mas a lua, lentamente,
como um gládio de prata na corrente
rasga o seio do rio adormecido. (Olavo Bilac)
Na ribeira deste rio
Passam meus dias a fio.
Porque se o vi ou não vi,
ele passa ? E eu confio ? ( Fernando Pessoa)
Meu querido Jaguaribe,
Como está diferente!
Todo coberto de mato,
Que dá tristeza na gente,
Sei que é, mas não parece
Com o rio de antigamente. ( Tonheiro)
O Rio
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas. ( Manuel Bandeira )
"O mistério
dos rios
é que eles passam
por dentro
de nós
e só depois
deságuam no mar". ( Francisco Carvalho)
Na morte dos rios
Desde que no Alto Sertão um rio seca,
o homem ocupa logo a múmia esgotada:
com bocas de homem, para beber as poças
que o rio esquece, e até a mínima água; (João Cabral de Melo Neto
O rio Jaguaribe
Quando secava chorava
Como se ficasse mudo
Em seu lamento de dor! ( Socorro Pinheiro
Limoeiro, és presente deste rio!
onde está o bordado de palmeiras
nas margens, com árvores altaneiras
das “cheias” sustentando o desafio ? ( Franco Sissa Pieira )
O “Jaguaribe” sonha
na marcha lenta e tristonha
o rio lembra um vivente
porque chora e porque sente. ( Autor desconhecido )
Entre nós e as palavras
Um rio vai morrendo! (Franco Sissa Pieira )
“Por sobre o verde turvo do amplo ri o circunflexo branco das gaivotas “. ( Fernando Pessoa )
“O rio lembra um vivente”, Porque chora e porque sente! “( Autor desconhecido )
‘ Entre as moitas, o rio, Em silêncio adormece. ‘ ( Amadeu Amaral)
No anoitecer, olhando o rio,
a paisagem,antes bela,é hoje estranha,
causando-nos pavor e calafrio . ( Autor desconhecido)
“ O povo é esse rio
cansado de ser vazio “( ( Autor desconhecido )
“Ó macio “Jaguaribe” , ancestral e mudo Pequena verdade onde o céu se reflete .” ( Fernando Pessoa )
CANTO
Enquanto houver um rio, hei - de cantar
Lonjuras de outros tempos, esquecidas.
Enquanto houver gaivotas rumo ao mar,
Cantarei lembranças de outras vidas.
Enquanto houver um rio, hei-de sonhar
Venturas de outros tempos, proibidas.
Enquanto houver mordaças de matar,
Cantarei esperanças coloridas.
E enquanto o rio correr e eu cantar
Vontades, ilusões, destinos, fados,
Talvez um dia, o meu canto chegue ao mar
Se não, que espalhem as gaivotas pelo ar
Em pios, em voos, em desenhos ousados
Tudo quanto meu canto nunca ousou cantar.
SEJA BEM VINDOS
Um Rio é como um espelho que reflete os valores e comportamentos da nossa sociedade. Você já olhou para o rio da sua cidade hoje?
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