SEJA BEM VINDOS

Um Rio é como um espelho que reflete os valores e comportamentos da nossa sociedade. Você já olhou para o rio da sua cidade hoje?

domingo, 23 de maio de 2010

Os Reinos do Jaguaribe

O Reino do Baixo Jaguaribe:

1. Fortim 2.Aracati 3.Itaiçaba 4.lcapuí 5.Jaguaruana 6. Palhano 7. Russas
8. Quixeré 9.Limoeiro do Norte

O Reino do Médio Jaguaribe:

1. Alto Santo 2.Deputado Irapuan Pinheiro 3. Ererê 4.Iracema 5.Jaguaretama 6.Jaguaribe 7. Milhã 8.Pereiro 9. Potiretama 10. São João do Jaguaribe
11. Solonópoles 12. Tabuleiro do Norte

O Reino do Alto Jaguaribe:

1. Acopiara 2.Aiuaba 3.Altaneira 4.Antonina do Norte 5.Araripe 6.Arneiroz
7. Assaré 8.Cariús 9.Campos Sales 10.Catarina 11. Farias Brito 12. Icó 13.Iguatu 14.Jucás 15.Nova Olinda 16.0rós 17. Parambu 18. Potengi 19.Quixelô 20.Saboeiro 21.Salitre 22.Santana do Cariri 23. Tarrafas 24. Tauá

O Rio Quixeré

O rio Quixeré é um braço do rio Jaguaribe. Nasce no município de Tabuleiro do Norte cujo segmento naquele município é conhecido, há cento e sessenta anos, como Córrego de Areia. Segue de Sul a Norte pelo município de Limoeiro do Norte na área de pé de serra, abrigando as barragens das Pedrinhas e do Cabeça Preta. Na barragem das Pedrinhas está instalada a estação elevatória do projeto de irrigação Jaguaribe – Apodi. Seguindo na direção Norte, passa ribeirinho à cidade de Quixeré, atravessando toda a área de várzea nesse município, encontrando-se novamente com o rio Jaguaribe no município de Russas.
Em se tratando de hidrografia é muito difícil se descrever a topografia de uma região em termos históricos. Pois, sabe-se que pela força das águas e transformações da natureza, o caminho das águas está sempre transformando a topografia e mudando seu curso. Seja por inundações ou outras causas naturais, seja pela ação do homem. O próprio Córrego de Areia é resultado das ações supracitadas. O rio Quixeré é citado em documentos, que são hoje fontes históricas, desde o primeiro século da colonização do Ceará. Até prova em contrário, é uma palavra indígena de significação desconhecida. Existem, no município, várias hipóteses para dar significado a essa palavra ou topônimo. Para alguns, o nome do rio vem de uma aldeia de índios cujo chefe chamava-se Quixeré. Para outros, Quixeré significa rio estreito de águas salobras e barrentas. Pessoalmente, achamos que essa segunda hipótese é uma comparação com a palavra Quixeramobim, cujo rio por correr ao pé da serra, no município que também leva o nome Quixeramobim, era muito estreito e suas águas eram realmente barrentas e salobras.
Dizem os mais antigos que o nosso rio, também era muito estreito e a água tinha uma ferruginosa que eles chamavam de capa rosa e segundo as lavadeiras isso amarelava as roupas e “talhava o sabão�?, ou seja: O sabão não fazia espuma abundante.
Para o professor Batista Aragão, (�?ndios do Ceará e Topônimos Indígenas, Fortaleza 1994 – 2ª edição, página 100), Quixerés seria a própria tribo de índios Tapuias que habitavam as margens do rio e supostamente falariam em dialeto Caingang. Criando mais uma hipótese: Dessa vez que a palavra Quixeré pode significar porco selvagem.
Todas essas hipóteses deixam muito a desejar, não só por estarem todas inseridas no campo das suposições, mas, porque apresentam incoerências palpáveis. Segundo vários historiadores os índios que habitavam essa região ribeirinha, os tapuias, formavam várias tribos, concentrando-se por aqui, os paiacus tidos como bárbaros e aguerridos e por não falarem o tupi cada tribo tinha seu próprio dialeto ou linguagem.
Outra dificuldade que se impõe, mediante o problema citado, é a limitada e passageira participação dos padres jesuítas por essas glebas. Além do que ao invés destes procurarem entender a linguagem dos bárbaros, impunham aos mesmos a compreensão da linguagem dos brancos colonizadores.
Voltando à descrição do rio, podemos afirmar que o percurso que integra as terras quixereense, recebe tantos nomes que não fosse a cidade ter herdado seu primitivo nome, a palavra Quixeré já teria sido esquecida.
A começar pelo local onde hoje se situa a barragem e a ponte Manoel de Castro Filho, que é também extrema entre Quixeré e Limoeiro do Norte. A cheia de 1862 iniciou ali uma bifurcação à margem esquerda, que com o passar dos anos foi tornando-se um estreito córrego e as cheias de 1917 e 1924 se encarregaram de alargar. Daí começaram a chamar esse desvio natural de rio Córrego e rio das Pedras. Esse primeiro novo rio ou afluente reencontra seu antigo leito formando a ilha Quixeré. Mas, aparece mais uma bifurcação novamente à esquerda e chamaram-na de volta do córrego, assim como o seu segmento de vários quilômetros foi chamado de Córrego Novo. O resultado de tantas transformações é que o primeiro leito do rio Quixeré ficou conhecido como rio velho que perenizado pela prefeita Luzimar Bandeira de Oliveira Rebouças em 1989, num percurso de sete quilômetros, vem beneficiando as comunidades de Ilha, Leão, Boqueirão, Alto do Bagre, Poço da Onça, Botica e Córrego Fundo.
O córrego Novo que é hoje o rio principal se conecta com o rio velho através do riacho Sucurujuba. Córrego Novo e rio velho vão seguindo paralelos encontrando-se novamente na localidade de rebolada no município de Russas formando novamente um só rio: Quixeré. Um pouco mais à frente encontra-se com o rio Jaguaribe, no lugar chamado Ilhota.

Açudes

O Açude de Orós está localizado no leito do rio Jaguaribe, na região centro-sul do Ceará.
Sua história remonta à época do Brasil Império, quando várias secas se sucederam dizimando um número grande de pessoas e animais. Represar o rio Jaguaribe e fazê-lo perene surgiu como a alternativa mais viável para o solucionar o problema da escassez de água no sertão cearense. No entanto, esta idéia só foi colocada em prática no século XX. Foi construído pelo DNOCS, tendo suas obras concluídas em 1961.
Sua capacidade é de 2.100.000.000 m³, o que o coloca como o segundo maior reservatório do estado. Foi o maior até a construção do Açude Castanhão em 2003.


O Açude Castanhão é um açude brasileiro construído sobre o leito do rio Jaguaribe, no estado do Ceará. A barragem está localizada em Alto Santo, embora atinja outros municípios. A obra foi concluída em 2003, por uma parceria entre a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará - SRH-CE e o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca - DNOCS.
Durante a construção do açude foi necessário remover a antiga sede do município de Jaguaribara, que ficou sob as águas.
A capacidade de armazenamento do Castanhão é de 6.700.000.000 m³, o que o coloca como o maior açude para múltiplos usos da América Latina. Sozinho, ele tem 37% de toda a capacidade de armazenamento dos 8.000 reservatórios cearenses.

Rio Jaguaribe - Demócrito Rocha

O Rio Jaguaribe é uma artéria aberta
por onde escorre
e se perde
o sangue do Ceará
O mar não se tinge de vermelho
porque o sangue do Ceará
é azul ...
Todo plasma
toda essa hemoglobina
na sístole dos invernos
vai perder-se no mar.

Há milênios... desde que se rompeu a túnica das rochas
na explosão dos cataclismos
ou na erosão secular do calcário
do gnaisse
do quartzo
da sílica natural .

E a ruptura dos aneurismas dos açudes...

Quanto tempo perdido!

E o pobre doente — o Ceará — anemiado,
esquelético, pedinte e desnutrido —
a vasta rede capilar a queimar-se na soalheira —
é o gigante com a artéria aberta
resistindo e morrendo
resistindo e morrendo
resistindo e morrendo
morrendo e resistindo... (Foi a espada de um Deus que te feriu
a carótida
a ti — Fênix do Brasil.)

(E o teu cérebro ainda pensa
e o teu coração ainda pulsa
e o teu pulmão ainda respira
e o teu braço ainda constrói
e o teu pé ainda emigra
e ainda povoa).

As células mirradas do Ceará
- quando o céu lhe dá a injeção de soro dos aguaceiros
as células mirradas do Ceará
intumescem o protoplasma
(como os seus capulhos de algodão)
e nucleiam-se de verde
— é a cromatina dos roçados no sertão...

(Ah! se ele alcançasse um coágulo de rocha)

E o sangue a correr pela artéria do rio Jaguaribe... o Sangue a correr mal que é chegado aos ventrículos das nascentes ... O sangue a correr e ninguém o estanca...

Homens da pátria — ouvi:
— Salvai o Ceará! Quem é o presidente da República?

Depressa
uma pinça hemostática em Orós! Homens —
o Ceará está morrendo, está
esvaindo-se em sangue ...

Ninguém o escuta, ninguém o escuta
e o gigante dobra a cabeça sobre o peito enorme,
e o gigante curva os joelhos no pó
da terra calcinada,

e

— nos últimos arrancos — vai
morrendo e resistindo...
morrendo e resistindo...
morrendo e resistindo...

Meu rio - Poema de Padre Pitombeira, musicado por Eugênio Leandro

Meu rio é como se fosse
Traz a graça das meninas
De prometer e não cumprir

Fecundas águas perenes
De segredos sussurrados
Nas ramas das ingazeiras

Chuveu, encheu , espumante
Torrente ainda tão pouco
Correu, correu que o mar bebeu.
Agora modesto regato

Não se passa no meu rio duas vezes
Não se passa no meu rio duas vezes
Rio sem meias palavras
De fúrias napoleônicas
Sangrou, chorou em Orós.
Saltou cerca em Jaguaribe
Rugiu no Castanhão
Acuou em Tabuleiro
Espreguiçou-se nas águas
Dos espinhos de Limoeiro
Até se espalhar nas baixas do Aracati

Rio dos jaguares, rio Jaguaribe.
Rio dos jaguares, rio Jaguaribe.

JAGUARIBE: UM RIO QUE AGONIZA - LAIRTON BANDEIRA

SOU INSPIRAÇÃO PRA POETAS
SOU MATÉRIA PRA CRONISTAS
SOU PAISAGEM PRA ARTISTAS
UM VIVO PRA QUEM TEM METAS

PENA QUE ME DEGRADAM
DA NASCENTE ATÉ A FOZ
CALAM ATÉ A MINHA VOZ
COM O ORÓS E O CASTANHÃO
DESMATAM ÀS MINHAS MARGENS
DE LIXO ME ENTOPEM PAISAGENS
QUE EMOLDURAM O SERTÃO.

POR POETAS FUI ATÉ ELOGIADO
JAGUARIBE! DE ÁGUAS PURAS CRISTALINAS
E HOJE, MAL TRATADO E ASSOREADO,
INFELIZMENTE, SOU UMMONTE DE RUÍNAS

VEJAM MINHA IMPORTÂNCIA!
DA JOANINHA AO FORTIM
POPULAÇÕES ABASTEÇO
SERÁ QUE MESMO MEREÇO
SER MALTRATADO ASSIM?

POR VEZES FICO VALENTE,
QUANDO ME SUFOCAM O LEITO
DOU ENCHENTES DE REPENTE
LAVANDO A DOR DO MEU PEITO
DESOBSTRUO MINHAS VEIAS
CAUSANDO ATÉ PREJUÍZOS
COM MINHAS DOLOROSAS CHEIAS.

Ó! MEUS SENHORES PREFEITOS
MEUS AMIGOS AMBIENTALISTAS
E AOS GRANDES ECOLOGISTAS,
CORRIJAM, POIS, MEUS DEFEITOS
AJUDEM-ME POR AMIZADES
LIMPEM MEU LEITO E/OU BACIA
PRA QUE EU POSSA TODO DIA
ABASTECER SUAS CIDADES!

SEI QUE NÃO PEÇO DEMAIS
POLÍTICOS DA COMPETÊNCIA
NEM LHES FAÇO CONTINÊNCIA
POR NÃO ME DAREM ATENÇÃO
DESCASO ASSIM NÃO ME INIBE
SOU PRO VALE, O JAGUARIBE
UM BENFEITOR DO SERTÃO!

Da Água – Luciano Maia

Água, surpresa líquida e celeste
visita antiga e repentino adeus
à terra embevecida (o. vento-leste
a leva e traz, nos desvarios seus).

Água pesada (látego dos céus)
golpeando o chão rude do Nordeste
e invadindo as terras dos heréus
dos arredados chapadões do agreste.

Água distante dos invernos tardos
nômade água do sertão sedento
salpicando de verde os solos pardos.

Água do rio, em curvo movimento
lavando as rugas desses morros áridos
que o Jaguaribe enxuga, à mão do vento.

CANTO JAGUARIBE - Magela Colares

Jaguaribe tuas águas enxurradas
que deságuas malogradas
não te minguam

Jaguaribe que transporda
feito mágoas de menina
que estravasa numa lagrima
sua ira e em vão termina
se entregando por inteira
corpo e alma boca e língua

Jaguaribe de espavento tão sedento
ao relento seu lamento tange o vento
sertão - mar com as águas deste rio
vão sonhos neste fio água-sonho a desaguar

Jaguaribe do jaguar extinto uivar
solto no ar a suspirar os tempos idos
tempos d’outrora contos de agora
não mais vividos

Jaguaribe tempo fartura
nuvem escura água candura
límpida e pura
na terra dura volta a chover
a chuva afaga o ressequido sertão sofrido
de não se ter


Jaguaribe secas pungentes
sofrer das gentes
e sóis ardentes

Jaguaribe mar de enchentes
desde as nascentes
vem confluentes nos assolar
oásis que medra
surgindo da pedra
sertão – Ceará

Jaguaribe eu te canto
sem um pranto
no entanto me espanto ao te cantar

Jaguaribe do recanto
me orgulho e me encanto
só de ver-te transbordar

Texto de Iolanda

Poetas e escritores cantaram o “ rio ’’ em livros, revistas e jornais... o Colégio Diocesano resolveu cantar os rios de Limoeiro nos seus muros, conclamando os limoeirenses a defender a bacia do Jaguaribe e todo seu ecossistema, do descaso das autoridades, da expansão do desenvolvimento econômico desorganizado, da política “modernizante” e globalizada, da apatia da população, e da ação antrópica, realizada numa relação dissimétrica entre sociedade e natureza, provocadora da atual degradação ambiental .
Iolanda Castro

Enquanto houver um rio, hei - de cantar
Lonjuras de outros tempos, esquecidas.
Enquanto houver gaivotas rumo ao mar,
Cantarei lembranças de outras vidas.

Enquanto houver um rio, hei - de sonhar
Venturas de outros tempos, proibidas.
Enquanto houver mordaças de matar,
Cantarei esperanças coloridas.

E enquanto o rio correr e eu cantar
Vontades, ilusões, destinos, fados,
Talvez um dia, o meu canto chegue ao mar

Se não, que espalhem as gaivotas pelo ar
Em pios, em vôos, em desenhos ousados
Tudo quanto meu canto nunca ousou cantar.

MURO DO COLÉGIO DIOCESANO - POEMAS

O Rio Jaguaribe é uma artéria aberta
por onde escorre
e se perde
o sangue do Ceará. ( Demócrito Rocha)

Famoso “ rio” meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente. ( Rodrigues Lobo)

Até quando perduras, Jaguaribe,
à insânia e à invídia deste agora
em que teu curso,a insensatez proíbe
e tuas águas exila, tempo afora,
lutarás contra o lixo que te inibe,
ou vencido, um dia, vais embora? Luciano Maia


Martelo para um rio meio morto

Almocrevando sonhos de fartura,
ele vinha, das partes do poente,
para chegar aqui, e de repente,
sobre as várzeas botar a assinatura.
E o Jaguaribe, então, todo mesura,
Ia embora saudando o casario...
Pois se sua memória acaricio...
numa infância de gado e de pomar,
é preciso pedir - e conclamar:
se não há mais jaguar, se salve o rio. Virgílio Maia


Décima para a saudade do rio Jaguaribe

Rio da minha saudade e do sol posto
fluindo em corredeiras caprichosas
remansos e funis de águas e prosas
agora deslizantes no meu rosto;
ampulheta de areia e mais desgosto
sobre o seu leito extinto e ressecado
fantasmas de vaqueiros e de gado
passeiam sobre as margens desoladas
que umas carnaúbas desgarradas
ponteiam soluçando ao mês de agosto.
Napoleão Nunes Maia Filho

Voz Jaguaribe

Dentro de mim ainda dorme um canto
alguma força que guardei da fúria
e no meu ventre se resguarda o cio...
mas vem a morte disfarçada em homem
que me instiga a responder com mágoa:
dentro de mim ainda pulsa um rio. ( Majela Colares)



As margens...só as margens permanecem.
As margens, como nós, se compadecem
ao ver das águas a cruel penúria.
As margens, como nós, sabem por certa
que no fundo do rio há uma floresta. ( Társio Pinheiro )


Meu rio
Meu rio ! Longe vão as tuas águas
Leve-me à dor, leve-me este espinho
Em tuas brumas, leva minhas mágoas
Quando corres, corres com as lágrimas
Plangidas das cordas do meu pinho. ( Irajá Pinheiro)

Jaguaribe, meu rio predileto,
que vi correr sereno, inda eu criança,
mas hoje só fluem na lembrança
imagem de sujeira e de dejeto. (Franco Sissa Pieira)


E perde-se longe o rio...Agora
nem sinal da água que chora.
Os rios são, com certeza
O pranto da natureza. (Olegário Mariano)


Treme o rio, a rolar de vaga em vaga...
mas a lua, lentamente,
como um gládio de prata na corrente
rasga o seio do rio adormecido. (Olavo Bilac)


Na ribeira deste rio
Passam meus dias a fio.
Porque se o vi ou não vi,
ele passa ? E eu confio ? ( Fernando Pessoa)



Meu querido Jaguaribe,
Como está diferente!
Todo coberto de mato,
Que dá tristeza na gente,
Sei que é, mas não parece
Com o rio de antigamente. ( Tonheiro)
O Rio

Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas. ( Manuel Bandeira )


"O mistério
dos rios
é que eles passam
por dentro
de nós
e só depois
deságuam no mar". ( Francisco Carvalho)



Na morte dos rios
Desde que no Alto Sertão um rio seca,
o homem ocupa logo a múmia esgotada:
com bocas de homem, para beber as poças
que o rio esquece, e até a mínima água; (João Cabral de Melo Neto

O rio Jaguaribe
Quando secava chorava
Como se ficasse mudo
Em seu lamento de dor! ( Socorro Pinheiro



Limoeiro, és presente deste rio!
onde está o bordado de palmeiras
nas margens, com árvores altaneiras
das “cheias” sustentando o desafio ? ( Franco Sissa Pieira )



O “Jaguaribe” sonha
na marcha lenta e tristonha
o rio lembra um vivente
porque chora e porque sente. ( Autor desconhecido )

Entre nós e as palavras
Um rio vai morrendo! (Franco Sissa Pieira )


“Por sobre o verde turvo do amplo ri o circunflexo branco das gaivotas “. ( Fernando Pessoa )
“O rio lembra um vivente”, Porque chora e porque sente! “( Autor desconhecido )
‘ Entre as moitas, o rio, Em silêncio adormece. ‘ ( Amadeu Amaral)

No anoitecer, olhando o rio,
a paisagem,antes bela,é hoje estranha,
causando-nos pavor e calafrio . ( Autor desconhecido)

“ O povo é esse rio
cansado de ser vazio “( ( Autor desconhecido )

“Ó macio “Jaguaribe” , ancestral e mudo Pequena verdade onde o céu se reflete .” ( Fernando Pessoa )

CANTO

Enquanto houver um rio, hei - de cantar
Lonjuras de outros tempos, esquecidas.
Enquanto houver gaivotas rumo ao mar,
Cantarei lembranças de outras vidas.

Enquanto houver um rio, hei-de sonhar
Venturas de outros tempos, proibidas.
Enquanto houver mordaças de matar,
Cantarei esperanças coloridas.

E enquanto o rio correr e eu cantar
Vontades, ilusões, destinos, fados,
Talvez um dia, o meu canto chegue ao mar

Se não, que espalhem as gaivotas pelo ar
Em pios, em voos, em desenhos ousados
Tudo quanto meu canto nunca ousou cantar.

Rio Jaguaribe - Letra e música – Maria do Socorro Pinheiro

O rio Jaguaribe
Quando secava chorava
Como se ficasse mudo
Em seu lamento de dor

Seu Leito ressequido
Coberto de areia branca
Foi um templo de miragens
Pelo sol abrasador

Mas, foi assim que o Orós
Deu as águas para o rio
Lá no Vale Jaguaribe
Para nunca mais secar

Mas, foi assim que o Orós
Deu as águas para o rio
Lá no Vale Jaguaribe
Para nunca mais secar

Ya’Wara-lbe ( Iauaraíbe) - Társio Pinheiro

Ya’Wara-lbe ( Iauaraíbe)
A Luciano Maia

Vem a noite, serena, mansa e nua,
Com frescor de manhã, de primavera,
Derramar sobre o rio a luz da lua,
Que outra lua maior nas águas gera...
E o Jaguaribe vai sem que conclua
A trama líquida de uma pantera,
Que tão sutil desliza para os mares,
Berço final da fúria dos jaguares!

Franze a face do rio a brisa fria
Sem o amargo do sal. Por sobre as águas
Pousa o espírito eólico. Dir-se-ia
Ser o contrário do hálito das fráguas.
Água e vento improvisam cantoria,
Gemedeira de galhos chora mágoas...
Firmamento e luar... Tudo se inibe
Para escutar a voz do Jaguaribe.

Iracundo, o oceano encerra a sina:
Sinagoga, silêncio de outros rios,
onde o sangue do rio enfim termina
ao som do farfalhar, dos balbucios
dos carnaubais de fala nordestina,
tenores de uma ópera de estios...
de uma saudade eterna e um desengano
que buscam sempre as águas do oceano.

As margens... só as margens permanecem
e dão, no inverno, ao rio a cor purpúrea...
As margens como nós, se compadecem
ao ver das águas a cruel penúria
(as águas nunca sobem: sempre descem),
e lhes perdoam sua enorme fúria...
As margens, como nós, sabem, por certo,
que no fundo de um rio há um deserto!

Versículos da gênese - Társio Pinheiro

O deus que fez este rio
não tinha sede de água,

bebia luz nas estrelas,
não na lua, menos magra.

O deus que fez este rio
tinha o sopro da saudade;

daí as súbitas cheias
e o vento que nos invade.

O deus que fez este rio
sabia tudo, mas nada

de canoa e catavento,
que sem o rio se acabam

como as estrelas cadentes
e os tristes sóis que desabam.

Canção de Ninar - Társio Pinheiro

Dorme, rio Jaguaribe,
o dia foi longo, infindo...

Dorme, rio Jaguaribe:
a noite já vem caindo.

Dorme, rio dos jaguares,
deixa a água correr pelas

sombras erguidas no vale...
Vai refletir as estrelas.

Dorme, que as luas povoam
o teu leito de marfim.

Dorme, rio, embora doam
tantos estios sem fim.

Poesia O Rio - Autor Tonheiro Mendes

O Rio



Rio de belíssimas histórias
Suas lendas guardadas nas memórias
Que passaram por muitas gerações
Em ti se ocultam as patas dos jaguares
A beleza das matas ciliares
Extintas em muitas regiões

Foste caminho para os colonizadores
Muitos deles cruéis desbravadores
Com os nativos fizeram muitas guerras
Em teu nome houve tantas lutas
Extermínio dos índios nas disputas
Pela posse de tuas boas terras

Desbravaram os teus terrenos vastos
Para o gado, sendo os melhores pastos
Nos aluviões por toda redondeza
Sabendo que em época de estio
Havia nas águas fartas deste rio
Fonte inesgotável de riqueza

Havia grande fartura de água doce
No subsolo onde quer que fosse
Nas cacimbas, por eles construidas
Quando a seca assolava o sertão
Este rio era a única solução
Que podia salvar milhões de vidas

Sempre limpo de areias alvejantes
Enfeitado com o verde das vazantes
Era lindo meu rio de antigamente
Hoje choro lembrando teu passado
No momento que vejo transformado
Num depósito de lixo no presente

Como é triste se ver o abandono
Deste rio que há anos era dono
De uma esplendida beleza natural
A água que foi limpa está suja
Ontem era doce, hoje amaruja
Só DEUS pode voltá-Ia ao seu normal

Cadê suas águas alvejantes
Os colares de espumas flutuantes
Que enfeitava meu rio, tua enchente
Os remansos da tua correnteza
Sucumbiu com toda essa beleza
No desprezo que vejo no presente

Ah! Quem me dera ver meu rio despoluído
Havendo um povo esclarecido
Preservando os valores naturais
Mas do jeito que vão as agressões
Restará às futuras gerações
A história do rio e nada mais.


Limoeiro do Norte - Ce, 25 de janeiro de 2009.

Poesia - Autor Virgília Maia

JAGUARES NÃO HÁ MAIS, É CERTO E TRISTE,
E NA DOR DESSA AUSÊNCIA EXISTE UM BRADO
QUE ABARCA O MUNDO, ENQUANTO, DO PASSADO,
A NATUREZA EXCLAMA, DEDO EM RISTE.

SE NÃO HÁ MAIS JAGUAR, NÃO SE OUVIRÃO
GARRAS E CORES EM CRUEL RECADO
NO BREU DE ABRIL ESQUADRINHANDO O OITÃO,
APAVORANDO CASARÃO E GADO.

SE JAGUARES NÃO HÁ, UM MAGRO RIO
CUMPRE, SÓ, O COMPRIDO DESAFIO
DE A SI MESMO VENCER – ASSOREADO.

MESMO ASSIM, VAI SUMINDO O NOBRE NOME.
DO JAGUARIBE QUE, MINGUANDO, SOME,
RESISTINDO E MORRENDO - MUTILADO.

Poesia Rio Jaguaribe - Autor Irajá Pinheiro

o meu rio corre por trás de minha rua,
Majestoso, abraça esta cidade,
Sua história generosa é verdade,
Suas águas refletem a luz da lua.

No verão, viras campos de pastagens,
Suas areias são fagulhas de brilhantes,
Lágrimas tristes deste rio infante
Choradas em grandes estiagens.

Trilhas e estradas para mil carros de bois,
No comércio de algodão e charqueadas,
Nas oiticicas, repouso e coordenadas.

Várzea e serra, tapera só pra dois,
Posto e dormida para bois e boiadeiros,
Poços e árvores, repouso de guerreiros.

Poesia do Rio - Autor Carlos Adalberto Celedônio

RIO
Se alegre, eu rio,
Sendo o rio, rio.
Pelo menos um fio
De esperanças mil.

Contente eu rio,
Tendo a frente: pai, irmão e tio,
Limpando o rio, em dias a fio...
Com força e brio.

Neste feito, quem se engaja.
Já é sujeito.
Faz do rio o celeiro
De despoluição e conceito.

Assim, alegre eu fico.
Se o rio for,
Irrigando a flor e, juntos,
Tecendo o amor.

Então, eu rio,
Se o rio,
A sede saciar e inundar o chão,
Produzindo o pão.

Então, tem jeito.
Faça do Comitê do Rio,
O seu rio da esperança.
O esteio da bonança.

Que o Comitê do Rio Jaguaribe,
Se transforme em atelier.
Traga de volta o Jaguar.
Não o deixe falecer.

Agora que o rio tá cheio
É gostoso e dá prazer.
É preciso mais empenho
Para as coisas acontecer.

São pessoas desabrigadas
Pelas enchentes do rio.
São casas destroçadas.
São famílias desamparadas.

Vamos ser mais maduro.
Respeitar o lugar das águas.
Fazer casa em lugar seguro.
Deixar o povo sem mágoas.

Poesia do Rio - Autor Maury Freitas

Rio


Sou o rio Jaguaribe e choro!
Choro, da nascente até a foz
Choro a solidão do abandono,
A solidão da indiferença.

Choro a água que não corre no meu leito,
As árvores ausentes de minhas margens,
Os pássaros que lá não cantam mais,
Os peixes ausentes a minha beira.

Sou uma mãe de leite ausente do seu peito
Que alimenta e dá vida aos filhos seus.
Sou uma mulher estéril de cujo ventre
Não saiu um só rebento.

Sou o Rio Jaguaribe e choro!
Choro porque de minhas margens
Não surgem as águas dos córregos,
Das lagoas e rebentões encharcados.

Choro porque às minhas margens
Não ouço o cantar das rodas de catavento,
Choro a ausência dos preás, dos tiús,
O grito dos carões, dos socós, das galinhas
D’águas e marrecos.

Acima de meu leito não voam
As garças preguiçosas.
Às minhas beiras não há grilos,
sapos, gias e caçotes.
As raposas soturnas, solitárias
E noturnas espreitando suas presas.

Onde estão os calumbis que me margeiam
Protegendo meus barrancos,
Dando guarida à fauna e flora
Tudo que é vida foi embora..