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terça-feira, 21 de junho de 2011

Nossa Latrina.

RIO JAGUARIBE, É a nossa latrina?

É surpreendente e abissal o baixíssimo tratamento dado pela administração pública a nossa artéria hídrica, o braço do rio Jaguaribe, que passa por tras da Câmara de Vereadores de Limoeiro do Norte. A “Casa do Povo” abriga cinco Partidos Políticos, representados por dez Vereadores que obtiveram 30.807 votos nas eleições passadas, 75% do eleitorado do nosso município.
Merece reflexão a quase ausência de atenção que o Poder Legislativo e Executivo empresta as questões ambientais do município. O rio passa nas nossas barbas, serve de depósito de tudo que é imprestável. Não queremos nas nossas casas, cabeças de boi em decomposição, vísceras de peixe, vasos sanitários, o rio abriga tudo. Cercas de arame, avanço dos muros de casas descendo barreiras abaixo, cinzas da fábrica de doce, galerias de águas de chuva servindo de esgoto, criatório de animais, lavagem de veículos e roupas, enfim, é uma paisagem sem cor, insalubre e feia.
A sensação sentida é de uma latrina a céu aberto. Espanta o aumento do lixo exposto na área depois que o SOS Jaguaribe surgiu. O SOS Jaguaribe é um movimento da sociedade limoeirense cuja tarefa é alertar as autoridades e a sociedade em geral dos maus tratos que o nosso rio padece. É frustrante ver que nada melhorou. Apesar da discussão de mais de um ano com os responsáveis diretos pelos serviços públicos, ainda não foi suficiente sensibilizá-los que o rio limpo faz bem.
Nem a presença física do Ministro do Meio Ambiente em Limoeiro, justamente às margens do rio, serviu para que pudéssemos ter um ambiente saudável e aplausível, sobretudo para os ribeirinhos que há anos habitam àquele local insalubre, infestado de insetos, água de galerias pluviais, reservatório de esgotos, escorrendo barreira abaixo. É o que se vê quando se anda entre o Mercado do Peixe e o Bairro, Luis Alves de Freitas.
O SOS Jaguaribe representa o sentimento de pessoas que quer ver a nossa Limoeiro melhor tratada. Não repousa no movimento nenhum interesse eleitoral, não reside restrição a nenhum cunho ideológico e religioso. Não é papel do SOS Jaguaribe substituir a administração pública. Seu papel é aprender o exercício do controle social sobre os atos e ações emanadas do legislativo e executivo. Não por acaso que no parágrafo 1º da Constituição Federal de 1988, lê-se que: “Todo poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Siraque (2009), afirma: “existem diversos fatores políticos, culturais e jurídicos que impedem ou dificultam a realização concreta à participação popular e ao controle social das atividades do Estado. O clientelismo político, o tráfico de influências, o assistencialismo ou paternalismo político, as dificuldades de acesso ao Poder Judiciário, as dificuldades para acessar as informações públicas e, por fim, a falta de cultura participativa e de fiscalização desagrega a sociedade, mantendo as desigualdades econômicas e a exclusão social”.
Não por acaso que o mundo requer nova onda cidadã. Os recursos naturais apresentam fadiga e estresse. Os atores sociais mais organizados buscam permanentemente a aproximação da sociedade civil com a instituição pública, embasados em leis que propiciam a diminuição do inconformismo através da cobrança de serviços públicos de melhor qualidade. A letargia secular não tem mais espaço. A convivência política entre a sociedade e o poder público é benéfica. Faz bem a coletividade. O Rio Jaguaribe agradece.
Limoeiro do Norte, 04 de fevereiro de 2010.
Carlos Adalberto Celedônio

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